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quarta-feira, 10 de julho de 2013

SAÚDE - Poluição afeta o desenvolvimento pulmonar de crianças

A exposição de crianças à poluição atmosférica está relacionada com a diminuição da capacidade pulmonar.
Embora essa observação seja relativamente antiga, algumas incertezas ainda persistiam. Na Califórnia, já havia sido demonstrado que crianças entre 10 e 18 anos de vida tinham a função pulmonar comprometida de acordo com o grau de exposição à poluição atmosférica. Faltava definir, porém, em que momento da vida da criança a exposição à poluição causava mais danos e, também, se esse efeito era mais acentuado em crianças com história de doenças respiratórias, como asma e alergias.
Para responder a essas dúvidas, pesquisadores suecos acompanharam mais de 1.900 crianças desde o nascimento, estabelecendo medidas da função pulmonar aos oito anos de idade. Além dessa medida, foi verificado o grau de atividade e a presença de sintomas respiratórios de asma e alergias com um e com oito anos de idade.  Para calcular a poluição, os autores verificaram a exposição à quantidade de material sólido em suspensão no ar. Quando esse material tem menos de dez micra de diâmetro, o chamado PM10, a medida em miligramas por metro cúbico de ar é um parâmetro usado internacionalmente e está relacionado à poluição emitida por veículos de transporte motorizados (carros e ônibus, entre outros).
Sabendo os níveis de PM10 do endereço, da escola e dos outros locais em que a criança ficava, foi possível identificar grupos com níveis diferentes de exposição. Uma diferença de sete microgramas de PM10 aumenta quatro vezes a probabilidade de uma criança ter obstrução das vias aéreas.
O primeiro ano de vida é o período mais determinante desse risco. Crianças expostas a mais poluição durante o primeiro ano tinham 50 ml a menos de capacidade expiratória (cerca de 5% da média verificada). Quando apresentavam também antecedentes de alergia respiratória, a perda chegou a 140 ml (mais de 10% de perda).  A capacidade expiratória é menor, porque ocorre uma diminuição do fluxo de ar pelos brônquios. Isso acontece porque a poluição causa inflamação nas vias respiratórias. Como consequência, as crianças têm dificuldade em esvaziar o pulmão, o que causa tosse e redução da capacidade de exercício.
Os resultados confirmam que a poluição piora a função pulmonar de crianças. Quanto mais precoce a exposição, pior, principalmente no primeiro ano de vida. Sabendo-se que a poluição em São Paulo variou entre 30 e 50 mcg/m3 em 20122,  quatro a sete vezes o índice verificado, o risco de obstrução a que estão expostas nossas crianças é evidente.


Dr Drauzio Varella

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